Crise climática e infância
O que relatório do UNICEF revela sobre os impactos das mudanças climáticas para as crianças
Um relatório desenvolvido pelo UNICEF aponta que jovens que moram na República Centro-Africana, na Nigéria e na Guiné-Bissau são os mais expostos aos impactos das mudanças climáticas, como problemas que ameaçam a saúde, a educação e proteção e a exposição a doenças mortais. Apesar de essas crianças apresentarem maior vulnerabilidade, o estudo afirma que quase todas as crianças do mundo (mais de 99%) estão expostas a pelo menos um dos perigos climáticos e ambientais. O relatório, denominado The climate crisis is a child rights crisis, apresenta o Índice de Risco Climático para as Crianças (CCRI em inglês), que fez uso de dados geográficos para gerar evidências globais sobre a exposição das crianças a riscos climáticos.
Aproximadamente 1 bilhão de crianças e adolescentes, que corresponde a quase metade de meninas e meninos do mundo, moram em um dos 33 países considerados com “risco extremamente elevado”. Esse risco é decorrente da combinação mortal à qual as crianças são expostas: múltiplos choques climáticos e ambientais e alta vulnerabilidade relacionada a serviços essenciais insuficientes, como água, saúde e educação.
A variedade de perigos climáticos, ambientais, choques e estresse que incidem sobre as crianças envolvem:
- Eventos de início repentino e moderadamente repentino: ondas de calor; ciclones; inundações fluviais; inundações costeiras.
- Mudanças de início lento: escassez de água; doenças transmitidas por vetores, como malária, dengue etc.
- Degradação ambiental e estresses: poluição do ar que excede 10µg/m3; poluição de chumbo devido a exposição ao ar, água, solo e comida contaminados.
Embora os adultos também sejam vulneráveis a choques climáticos e ambientais, as crianças são mais impactadas, pois são fisicamente e fisiologicamente mais frágeis. Isso significa que são menos capazes de suportar as inundações, secas, climas severos e ondas de calor, bem como substâncias tal qual o chumbo e outras formas de poluição. Além disso, sofrem maior risco de morte em comparação aos adultos por doenças exacerbadas pelas mudanças climáticas, como malária e dengue. Por fim, têm muitos anos de vida pela frente e as privações que derivam das mudanças climáticas e ambientais podem refletir em uma vida inteira.
Um agravante a respeito destes eventos é que eles podem se sobrepor. Desta forma, a sobreposição de perigos climáticos e ambientais, choques e estresses podem se exacerbar mutuamente, além de marginalizar parte da sociedade e aumentar a desigualdade. Não ter acesso a serviços essenciais, como saúde, nutrição, educação e proteção social aumentam a susceptibilidade das crianças aos perigos ambientais, diminuindo sua resiliência e sua capacidade adaptativa.
A redução de emissões líquidas para níveis seguros até 2050 é apontada como a única solução a longo prazo para a crise climática. Ainda assim, os efeitos de mitigação levarão décadas para reverter os impactos das mudanças climáticas. É necessário, portanto, que haja altos investimentos em adaptação e resiliência relacionados a serviços sociais para que as 4.2 bilhões de crianças que irão nascer nos próximos 30 anos possam encarar os crescentes riscos de sobrevivência e bem-estar.
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Fontes
Um bilhão de crianças estão “extremamente expostas” aos impactos da crise climática – UNICEF.
Disponível em:
The climate crisis is a child rights crisis.
Disponível em:
<https://www.unicef.org/reports/climate-crisis-child-rights-crisis>
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