Logística Reversa e Economia Circular

Contribuições para um mundo mais sustentável

Observatório Sistema Fiep - 01/03/2024

Resíduos representam os subprodutos não utilizados de uma atividade que não alcança total eficiência, uma realidade presente em diversas áreas. O Relatório Brundtland de 1987, intitulado “Nosso Futuro Comum”, define os resíduos como “materiais sólidos, líquidos e gasosos, e energia que são descartados, descarregados ou emitidos por estabelecimentos e residências através de processos de produção, consumo ou acumulação”. O aproveitamento de resíduos é uma prática que se alinha com os princípios da sustentabilidade, integrando boas práticas ambientais, sociais e econômicas.

Os resíduos sólidos podem ser classificados em:

Orgânicos: Restos de alimentos, folhas, galhos e esterco.
Recicláveis: Papel, plástico, metal e vidro.
Rejeitos: Materiais que não podem ser reciclados ou reutilizados.
Perigosos: Que apresentam riscos à saúde ou ao meio ambiente, como pilhas, baterias e resíduos hospitalares.

A identificação e análise dos resíduos provenientes de cada procedimento, juntamente com a classificação, quantificação, armazenamento e marcação adequada desses materiais, constituem um conjunto de medidas voltadas para a administração dos resíduos gerados pela sociedade. Essas práticas são essenciais para garantir a destinação apropriada dos resíduos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS estabelece as bases para a gestão ambientalmente segura dos resíduos sólidos, particularmente os resíduos sólidos industriais, e define como objetivos:

a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;
a adoção, o desenvolvimento e o aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar os impactos ambientais;
a redução do volume e da periculosidade dos perigosos;
o incentivo à indústria da reciclagem, com o objetivo de fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados.

O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) consolida dados e informações qualitativas e quantitativas sobre resíduos sólidos. O sistema é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com organização e manutenção compartilhada entre União, estados e municípios, permitindo o acompanhamento das metas e avaliação da performance. A geração de conhecimento a partir de informação de qualidade não está restrita à gestão pública, ela também permite que pesquisadores extraiam e correlacionem informações, e empresários encontrem oportunidades de negócio em áreas com potencial de reciclagem não aproveitado, potencial energético de resíduos ou em infraestruturas super ou subutilizadas.

O conceito da Economia Circular e da Logística Reversa são complementares quando falamos em sustentabilidade e, principalmente, em ESG. Ambos são conceitos extremamente importantes e que se relacionam com a destinação e melhor reaproveitamento de resíduos. Isto é, o que impacta positivamente a cadeia produtiva no curto, médio e longo prazo.

Economia Circular

A Economia Circular representa uma abordagem oposta à lógica linear convencional, que se baseia no modelo de extrair-produzir-consumir-descartar, buscando maximizar o aproveitamento dos recursos naturais ao longo de toda a cadeia de valor através de fluxos circulares, seja pela adição, retenção ou regeneração de valor. Essa abordagem, portanto, se configura como uma estratégia sustentável, regenerativa e restaurativa, com o objetivo de manter produtos, componentes e materiais em constante circulação, mantendo seu valor e utilidade no mais alto patamar possível. Portanto, a Economia Circular destaca-se como uma oportunidade para transformar produtos que chegaram ao fim de sua vida útil em recursos para outros processos produtivos, fechando os ciclos dentro dos sistemas industriais e reduzindo a geração de resíduos, o que por sua vez minimiza o desperdício e preserva o valor econômico e ambiental. Por exemplo, resíduos provenientes da indústria de alimentos podem ser reaproveitados na fabricação de rações, adubos, condicionadores de solo, biomassa para geração de energia ou para a extração de componentes químicos para uso em outras indústrias. Da mesma forma, sobras ou recortes de processos industriais, como metais, plásticos, madeira, papel, entre outros, podem ser transformados em subprodutos utilizáveis por outras empresas ou até mesmo pelos próprios consumidores. Na prática, a economia circular consiste na utilização em maior escala de recursos renováveis, recicláveis e que tenham uma melhor durabilidade.

Os brasileiros têm adotado ações relacionadas à conservação do meio ambiente no dia a dia, embora ainda haja espaço para expansão do consumo sustentável. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 81% adotam hábitos sustentáveis sempre ou na maioria das vezes. Nos últimos seis meses 29% esqueceram de separar ou não tem o hábito de separar e 20% informaram que não há coleta seletiva na sua rua, bairro ou cidade; 45% reutilizaram ou reaproveitaram embalagens de produtos sempre e 25% na maioria das vezes, somando 60%. Por outro lado, 62% consideram difícil encontrar produtos sustentáveis em lojas e 45% não verificam se o produto que vão comprar foi produzido de forma ambientalmente sustentável. Os principais entraves para práticas sustentáveis apontados foram a falta de campanhas de conscientização (19%), hábitos ruins (15%) e desconhecimento (15%).

Logística Reversa

A prática da Logística Reversa representa um apoio significativo ao meio ambiente, pois engloba uma série de medidas que incluem a coleta, transporte, armazenamento, reciclagem e tratamento dos resíduos gerados pelo descarte de produtos e embalagens após o consumo. Seu propósito principal é recuperar materiais recicláveis, possibilitando sua reintegração nos ciclos da cadeia produtiva ou sua destinação adequada do ponto de vista ambiental. Ao ser implementada pelas empresas, a logística reversa impacta toda a cadeia de produção, envolvendo fabricantes, importadores, distribuidores, varejistas e consumidores finais. Nesse contexto, cabe ao cidadão, enquanto consumidor, a responsabilidade de descartar os resíduos conforme as diretrizes estabelecidas pelos sistemas de logística reversa e pelas autoridades responsáveis pela gestão de resíduos urbanos. A logística reversa desempenha um papel fundamental na transição de uma economia linear para uma economia circular, promovendo a circularidade dos recursos e contribuindo para a sustentabilidade das organizações produtivas ao abranger os aspectos econômicos, sociais e ambientais.

A Logística Reversa é uma importante ferramenta da Economia Circular. As empresas que passam a adotar tecnologias mais limpas, simplificam a reutilização e a criação de embalagens e produtos que podem ser reciclados com maior facilidade. Além disso, toda sociedade se beneficia com o aumento na geração de empregos, a ampliação do mercado de gestão e de gerenciamento de resíduos.

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Fontes:

81% dos brasileiros adotam hábitos sustentáveis, revela pesquisa da CNI

Disponível em: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/sustentabilidade/81-dos-brasileiros-adotam-habitos-sustentaveis-revela-pesquisa-da-cni/

CONSELHO TEMÁTICO - Meio Ambiente e Sustentabilidade

Disponível em: https://www.fiepr.org.br/para-empresas/conselhos/meioambienteesustentabilidade/

Elementos de economia circular

Disponível em: https://obshub.com.br/pub/rotas-2031/elementos-eco-circular.pdf

Economia circular: entenda o que é, suas características e benefícios

Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/economia-circular/

Logística reversa: o que é e como aplicar nas empresas?

Disponível em: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/tem-solucao/logistica-reversa-o-que-e-e-como-aplicar-nas-empresas/