CIDADES RESILIENTES

As miniflorestas urbanas

Autor
Observatório Sistema Fiep - 15/03/2024

Devido às alterações climáticas, tem-se observado um gradual aumento na temperatura global, cujos efeitos são percebidos de maneiras diversas em escala mundial. Especificamente, nas áreas urbanas, o fenômeno é exacerbado devido à concentração de estruturas construídas que retêm e emitem calor, resultando em um aumento perceptível da temperatura ambiente. A falta de áreas verdes nessas regiões contribui para uma sensação térmica ainda mais elevada do que indicado pelos termômetros. Diante desse cenário, surgem esforços para encontrar soluções que possam mitigar os impactos das mudanças climáticas, e algumas cidades têm recorrido a abordagens que envolvem a integração da natureza e tecnologias ancestrais para atender a essa demanda. Árvores, solos permeáveis e biodiversidade são fundamentais para a saúde de quem vive nos centros urbanos e para que estas áreas consigam diminuir e mitigar os efeitos dos eventos climáticos, cada vez mais intensos e comuns.

A necessidade de tornar as áreas urbanas mais sustentáveis e resilientes às alterações climáticas tem sido amplamente reconhecida. As áreas verdes são identificadas como uma das estratégias mais viáveis e acessíveis para combater os efeitos do aumento das temperaturas nas cidades, influenciando positivamente na saúde pública, no consumo energético e na infraestrutura urbana.  A introdução e preservação de espaços naturais como florestas urbanas, juntamente com a implementação de técnicas como a permeabilização do solo, são fundamentais para amenizar os impactos negativos dos eventos climáticos extremos que se tornam cada vez mais frequentes e intensos. Esse método já foi usado em várias partes do mundo e prevê o preparo cuidadoso do solo, seleção de uma variedade alta de espécies nativas e plantio adensado das árvores e espécies companheiras.

Experiências em diversas partes do mundo demonstram a eficácia de intervenções que promovem a presença e a expansão de ecossistemas florestais urbanos., seja para atenuação da temperatura e conforto térmico, ou para infiltração e armazenamento de água no solo. No Paquistão, pequenas florestas foram criadas em Karachi e Lahore, usando o método criado pelo botânico japonês Akira Miyawaki. Na cidade de São Paulo, na Marginal Tietê, com o plantio de diversas árvores em micro florestas, foram criados bolsões verdes de alta densidade vegetal que contribuem para uma melhor qualidade de vida da população como diminuição da temperatura, poluição sonora, aumento da umidade do ar, filtragem de gases tóxicos e poluição do ar.  Miniflorestas também foram plantadas, pela população, na cidade industrial de Wollongong, na Austrália, para assim, aumentar sua resiliência aos eventos climáticos. Ao longo de três anos a Embrapa Florestas (PR), pesquisou e constatou, que a presença de árvores e áreas verdes nas cidades desempenha um papel crucial na redução do calor urbano, proporcionando um resfriamento significativo do ambiente circundante. O Bosque Reinhard Maack, uma das mais bem preservadas florestas urbanas de Curitiba, capital do Paraná, foi foco de estudo, o qual constatou a significativa redução da temperatura média no interior da floresta, de até 4ºC, quando comparada com áreas externas próximas ao bosque.

Fonte: Google Maps

Cidades são normalmente mais quentes do que as áreas circundantes devido às enormes extensões de asfalto e cimento que absorvem o calor. A geometria das ruas, a sua largura e orientação, afetam o microclima de uma cidade de forma complexa, e plantar ao longo das ruas pode compensar eficientemente alguns dos impactos adversos da geometria urbana.  As áreas verdes urbanas desempenham múltiplos papéis: proporcionam espaços para interação social, recreação e lazer; oferecem habitat para a vida selvagem, aumentando a biodiversidade urbana; auxiliam na redução do ruído e atuam como filtros contra a poluição; além disso, contribuem para o gerenciamento das águas pluviais e regulação da temperatura.

Apesar dessa afirmação, cientistas verificaram qual seria a redução de temperatura em cidades e quais fatores podem influenciar nessa redução e pesquisadores analisaram dados de diversas cidades e revelaram que grupos de árvores podem reduzir as temperaturas da superfície terrestre em cidades em até 12 °C, que as árvores são capazes de manter o solo mais fresco principalmente devido à sombra que fornecem, mas também através da transpiração e de sua capacidade de refletir a radiação solar.

Estudos científicos têm demonstrado que grupos de árvores podem reduzir as temperaturas superficiais em cidades em até 12 °C; as árvores conseguem manter o solo mais fresco principalmente por meio da sombra que proporcionam, além da transpiração e capacidade de refletir a radiação solar. Contudo, é importante ressaltar que as estratégias de mitigação do calor devem ser adaptadas às características geográficas e climáticas específicas de cada localidade, levando em consideração as particularidades morfológicas das diferentes espécies arbóreas (como tamanho das folhas e copa), que variam ao longo das estações do ano. A simples expansão da cobertura vegetal sem considerar tais condições locais podem resultar em eficácia limitada ou até mesmo passar despercebida, uma vez que fontes de calor e edificações físicas frequentemente atuam como barreiras ao fluxo de ar. Além das considerações ambientais, é crucial abordar as disparidades sociais que influenciam a exposição ao risco térmico nas cidades. Bairros com menor acesso a áreas verdes e recursos são mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, o que ressalta a importância de políticas de planejamento urbano que visem equidade e justiça social. A implementação de regulamentações que promovam o acesso igualitário a espaços verdes pode contribuir significativamente para melhorar a saúde, o bem-estar e os padrões de vida de grupos populacionais desfavorecidos.

 

 

Acesse o Painel de Indicadores de Mudanças Climáticas de Curitiba: https://paineldemudancasclimaticas.org.br/

 

Fontes

 

Cinco maneiras de manter as cidades mais frescas enquanto reduzem as emissões

Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/cinco-maneiras-de-manter-cidades-mais-frescas-enquanto-reduzem

 

Bosque em Curitiba reduz a temperatura em até 4ºC

Disponível em: https://ciclovivo.com.br/arq-urb/urbanismo/bosque-em-curitiba-reduz-a-temperatura-em-ate-4oc/

 

Plataforma Green Your City planta micro floresta em São Paulo

Disponível em: https://ciclovivo.com.br/arq-urb/urbanismo/plataforma-green-your-city-planta-micro-floresta-em-sao-paulo/

 

Miniflorestas ajudam a combater mudanças climáticas na Austrália

Disponível em: https://ciclovivo.com.br/arq-urb/urbanismo/mini-florestas-ajudam-a-combater-mudancas-climaticas-na-australia/

 

Árvores funcionam como ar-condicionado natural

Disponível em: https://ciclovivo.com.br/arq-urb/urbanismo/arvores-funcionam-como-ar-condicionado-natural/

 

Árvores podem reduzir temperaturas de cidades em até 12 °C

Disponível em: https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/arvores-podem-reduzir-temperaturas-de-cidades-em-ate-12-c/

 

The role of urban trees in reducing land surface temperatures in European cities

Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41467-021-26768-w#Abs1

 

Florestas urbanas podem ser solução para combater ondas de calor em grandes cidades?

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cv20x1628qno

 

Áreas verdes estratégicas: como aproveitar ao máximo seus efeitos de resfriamento - Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/986308/areas-verdes-estrategicas-como-aproveitar-ao-maximo-seus-efeitos-de-resfriamento

 

#MudançasClimáticas #ClimateChange #miniflorestas #vidaurbana #sustentabilidade #temperatura #calor #espaçoverde


Mais Notícias