Racismo ambiental

O conceito que explica por que tragédias como a do litoral paulista são mais graves para populações historicamente mais vulneráveis

Autor
Observatório Sistema Fiep - 08/03/2023

Durante o carnaval de 2023, fortes chuvas no litoral norte do Estado de São Paulo causaram dezenas de mortes e deixaram milhares de pessoas desabrigadas em decorrência de deslizamentos de terra. Eventos extremos como esse estão se tornando cada vez mais frequentes em razão da crise climática e trazem à tona uma importante reflexão: estamos todos expostos da mesma forma aos impactos das mudanças climáticas? Em vários lugares do mundo, constata-se que determinadas populações étnico-raciais como os povos negros, quilombolas, periféricos, indígenas, ribeirinhos, dentre outros, são os mais vulneráveis a enchentes, deslizamentos, secas prolongadas e outros eventos extremos que o aquecimento global tem causado ao planeta. A essa desigualdade dá-se o nome de racismo ambiental.

O termo foi cunhado em 1980 pelo ativista afro-americano Benjamin Franklin Chavis Jr., um líder do movimento dos direitos civis que, à época, denunciou o fato de que a população negra era a mais vitimada pela degradação ambiental. Historicamente, comunidades pobres e pertencentes a minorias étnico-raciais são levadas a habitar próximas a instalações de esgoto e lixo, em lugares afastados e impróprios e vivem em condições socioambientais precárias. A omissão de políticas públicas que forneçam moradias dignas em ambientes seguros consolida o cenário de discriminação e de exclusão dessas populações. Atualmente, com a crise climática, o termo ganhou projeção novamente, pois existe um recorte racial quando se analisam os impactos dos eventos extremos causados pelas mudanças do clima.

A maior vulnerabilidade dessas populações aos eventos climáticos extremos agrava o histórico de desigualdades, que é retroalimentado pelas tragédias decorrentes de deslizamentos, chuvas, excesso de calor etc. Esses fenômenos tendem a acontecer mais frequentemente com o aquecimento global e é necessário que sejam criadas políticas para atender as especificidades destas populações no que diz respeito à adaptação às mudanças impostas pela crise climática. Do contrário, o racismo ambiental será mais um agravante diante do cenário de desigualdades enfrentado pelo Brasil e por outros países.

 

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Fontes

 

Ô, abram alas ao cordão dos excluídos: racismo ambiental e as tragédias anunciadas do litoral norte de São Paulo.

Disponível em:

https://pp.nexojornal.com.br/opiniao/2023/%C3%94-abram-alas-ao-cord%C3%A3o-dos-exclu%C3%ADdos-racismo-ambiental-e-as-trag%C3%A9dias-anunciadas-do-litoral-norte-de-S%C3%A3o-Paulo

 

Racismo ambiental é uma realidade que atinge populações vulnerabilizadas.

Disponível em:

https://jornal.usp.br/atualidades/racismo-ambiental-e-uma-realidade-que-atinge-populacoes-vulnerabilizadas/

 

O que é racismo ambiental?

Disponível em:

https://alana.org.br/racismo-ambiental/

 

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