O estado do meio ambiente no Brasil

As cidades como núcleos estratégicos no enfrentamento da emergência climática

Autor
Observatório Sistema Fiep - 01/12/2025

Em um minuto:

  • O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) apresentou, durante a COP30, o relatório “GEO Brasil 2025: Estado e Perspectivas do Meio Ambiente”, documento que reúne dados e análises inéditas sobre os principais desafios e oportunidades para o país. Entre os temas abordados, as cidades figuram como essenciais para o enfrentamento da emergência climática e ambiental.
  • Urbanização acelerada e vulnerabilidade climática: o estudo aponta que mais de 87% da população brasileira vive hoje em cidades, proporção que pode superar os 91% até 2050. Esse crescimento rápido aumentou a exposição urbana a alagamentos, deslizamentos, ondas de calor, secas e elevação do nível do mar; entre 1991 e 2022, 89% dos municípios registraram desastres, com perdas de R$ 132 bilhões.
  • Baixa institucionalização das políticas climáticas locais: até 2025, apenas 13 capitais tinham Planos de Ação Climática, muitos sem força legal ou continuidade entre gestões. Limitações técnicas e financeiras, sobretudo em cidades pequenas e médias, também dificultam respostas mais robustas à emergência climática.
  • Oportunidades para ação e transformação urbana: apesar dos desafios, o relatório aponta avanço previsto até 2035 na priorização da agenda climática pelas cidades, impulsionado por programas nacionais, pela visibilidade da COP30 e pela participação em redes como ICLEI e C40. Soluções baseadas na natureza, descarbonização do transporte, economia circular e inclusão de justiça climática nos planos municipais despontam como caminhos para cidades mais resilientes, inclusivas e sustentáveis.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) apresentou, durante a COP30, o relatório “GEO Brasil 2025: Estado e Perspectivas do Meio Ambiente”, novo marco na produção de diagnósticos ambientais nacionais. O documento reúne dados e análises inéditas sobre os principais desafios e oportunidades para o Brasil avançar em sustentabilidade e oferece subsídios estratégicos para a elaboração de políticas públicas.

O relatório é composto por capítulos que percorrem temas estruturantes da agenda ambiental, como biodiversidade, recursos hídricos, mudanças climáticas, agricultura, energia, saúde, indústria e cidades. Cada capítulo combina evidências científicas com recomendações, permitindo compreender tendências, vulnerabilidades e caminhos de ação.

Entre os temas abordados, destacamos, a seguir, as informações apresentadas no capítulo sobre cidades. É nele que se concentram análises sobre o papel do espaço urbano no enfrentamento da tríplice crise global, composta pela emergência climática, pela perda de biodiversidade e pela poluição.

 

Principais achados do GEO Brasil 2025 para as cidades brasileiras

O Brasil viveu uma transformação urbana profunda nas últimas décadas: em 1940, cerca de um terço da população vivia em cidades; hoje, esse número supera os 87%, com projeção de ultrapassar 91% até 2050.

Esse processo rápido e, muitas vezes, desordenado de urbanização tornou as cidades brasileiras vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. Alagamentos, enxurradas, deslizamentos, ondas de calor, secas e a elevação do nível do mar em áreas costeiras compõem o conjunto de riscos que afetam a vida cotidiana nos centros urbanos. Entre 1991 e 2022, 89% dos municípios brasileiros registraram algum tipo de desastre, incluindo aqueles relacionados aos extremos climáticos, com prejuízos estimados em R$ 132 bilhões.

O diagnóstico mostra ainda que a urbanização não planejada intensificou problemas estruturais das cidades, como saneamento insuficiente, gestão ineficiente de resíduos e poluição atmosférica dominada, nos centros urbanos, pelas emissões dos transportes. Esses fatores podem, ainda, ampliar desigualdades e tornar comunidades de baixa renda mais expostas aos efeitos das mudanças do clima.

Além disso, a adoção de políticas climáticas municipais ainda permanece limitada, apesar do avanço no debate sobre as mudanças do clima no país. Até 2025, apenas 13 capitais tinham Planos de Ação Climática, e muitas dessas estratégias ainda carecem de força legal e continuidade entre gestões, o que sugere a baixa institucionalização e fragilidades de governança. Limitações técnicas e financeiras, especialmente em cidades pequenas e médias, também podem comprometer respostas mais robustas das cidades em relação ao enfrentamento da emergência climática e ambiental.

Apesar dos desafios, o relatório aponta um horizonte positivo para as cidades brasileiras. A expectativa é de crescimento do número de municípios que priorizam ações climáticas até 2035, impulsionados por três fatores: o fortalecimento da agenda nacional de sustentabilidade, o avanço de programas federais como Adapta Cidades e Plano Clima e a visibilidade trazida pela COP30, que coloca as cidades brasileiras no centro do debate internacional.

O estudo aponta ainda forças motrizes relevantes para acelerar a agenda climática urbana: a liderança política local comprometida, a participação em redes transnacionais de cidades, como ICLEI e C40, e a própria exposição crescente dos centros urbanos aos riscos climáticos, que exige planos de adaptação baseados em evidências.

As oportunidades identificadas reforçam que, embora vulneráveis, as cidades são também terreno fértil para a inovação e a ação climática. Há espaço para avanços expressivos em setores-chave, como transporte, gestão de resíduos e energia. Medidas como a expansão da infraestrutura de transporte coletivo, a adoção de soluções baseadas na natureza, os incentivos à mobilidade ativa e o estímulo à economia circular podem reduzir emissões e melhorar a qualidade de vida urbana.

Por fim, o estudo sugere que a solução da crise climática nas cidades passa também pelo enfrentamento das desigualdades. Incorporar a justiça climática nos planos municipais, reconhecer soluções desenvolvidas pelas comunidades locais e fortalecer a governança participativa são passos essenciais para construir centros urbanos mais resilientes, inclusivos e sustentáveis.

Acesse os capítulos do relatório completo aqui.

 

Para mais conteúdo relacionado às mudanças climáticas, acesse o Painel de Indicadores de Mudanças Climáticas de Curitiba neste link.

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Para citar este artigo:

OBSERVATÓRIO SISTEMA FIEP / PAINEL DE INDICADORES DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS DE CURITIBA (PIMCC). As cidades como núcleos estratégicos no enfrentamento da emergência climática. Disponível em: https://paineldemudancasclimaticas.org.br/noticia/cidades-crise-climatica-geo-brasil-2025. Acesso em: dd/mm/aaaa.

 

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Fontes consultadas

MMA, PNUMA, FGV e IPEA. GEO BRASIL 2025: Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Rio de Janeiro: FGV e Brasília: MMA. Disponível em: https://repositorio.fgv.br/items/f266d8d3-fcba-4ff8-b7c0-6bc4167f56b6 ou https://www.gov.br/mma/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes. Acesso em: 25 nov. 2025.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. Brasil lança diagnóstico ambiental inédito na COP30. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/comunicado-de-imprensa/brasil-lanca-diagnostico-ambiental-inedito-na-cop30. Acesso em: 25 nov. 2025.